O monopólio dos meios de comunicação resulta em diversas perdas para todos os brasileiros. Seja por conta da baixa qualidade, pouca diversidade ou direcionamento das informações passadas, todas são péssimos defeitos (e defasagens), e facilmente percebidas.
A cada período se percebe a abordagem de um tema. E só aquele tema. Incessantemente. Insistentemente. Em todos os canais. Horários. Programas. Formatos. E depois de algum tempo, o que era o mais importante, some. E outro tema surge.
Não quero citar aqui temas como algumas mortes e formatos de violência. Nem dos escândalos políticos. Pois estes de tempos em tempos se modificam, mas acabam no mesmo fim. Manipulação total. A descrença e o medo sendo embutidos na mente humana. E cada vez mais desequilíbrio social. Descrença. Desmotivação.
Sempre que assisto aos noticiários, tento manter uma visão crítica. Buscando falhas no discurso. Buscando brechas praquilo que eles têm que falar, mas não queriam. Por isso maquiam. Ou rapidamente citam.
Um desses casos aconteceu hoje. Confesso que dei importância para a notícia a respeito de um acidente aéreo (mais um, contabilizando três no ultimo mês) por conta da apreensão que uma amiga me disse sentir com essas notícias. Numa dessas conversas regadas a vinho e cigarros, ela confessou que estava muito abalada com tantos acidentes. Eu achei graça. Ela nem anda de avião (!)
Enfim. Me fez ouvir com mais atenção a noticia hoje. O que mais me preocupou e me fez re.pensar nela não foram as questões humanitárias. Nem o medo repentino deste meio de transporte. Mas foi, perceber, no fim da reportagem, um comentário político e econômico. O acidente foi com uma companhia iraniana, que dificilmente faz a manutenção mínima de seus aviões por conta de sanções das indústrias aeronáuticas dos EUA e da EUROPA.
Sim, economia. ECONOMIA. ECONOMIA. Tudo se justifica pelo bem do capital. Se a política não está de acordo, mas as empresas multinacionais têm sua parcela do mercado garantido, não há problemas. Se a cultura é outra, mas ainda assim se consegue vender seus produtos, tudo é bonito. Se a violência social é alta, a indústria de armas vai bem. Se a tecnologia é alta, a constante troca e busca por inovações alavanca vendas. Se o riacho está cheia de lixo, consumam mais! Consumam cada vez mais porque assim se pode reciclar mais!
Infelizmente, estamos (ainda) em uma sociedade que enaltece o capital, em detrimento de tantos outros fatores sociais. Além disto, se pensa a economia unicamente como sistema econômico, e não se observa a verdadeira amplitude da economia. DA ECONOMIA REAL. Àquela que trata a economia como forma de elo social, como forma de articulação política, de relação social, de manutenção da sociedade. SOCIEDADE. É outro enfoque. É outra forma de desenvolvimento.
Ao fim do mesmo programa, ainda vi como a bolsa financeira está em alta. O sistema financeiro se recupera. De novo. Claro. Disso acho que ninguém tinha dúvidas. A manutenção do sistema como ele é será possível, por um tempo. Colapsos ainda maiores serão visíveis. Por isso, o maior dos debates do atual momento não deve ser somente a crise financeira. E sim, a crise sistêmica. A crise profunda das estruturas da sociedade. Da forma como tudo isso é mantido. Manipulado. Como títeres, muitos são controlados pelos interesses de tão poucos. Uni-vos. Pensai. Articulai. A mudança está em curso.
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O enfoque da mídia sobre certas coisas é bem bizarro e a gente poderia passar horas e horas falando, sentindo raiva e tudo mais, e provavelmente não chegaríamos a uma conclusão.
Eu estava pensando nisso ontem mesmo, sobre a cobertura que a grande imprensa dá ao golpe militar em Honduras e o modo como cobriu o referendo que pretendia aprovar (e acabou não aprovando) a nova Constituição venezuelana. Para “nossa” imprensa, um governo que propõe uma consulta popular para aprovar ou não determinadas leis é um ataque à democracia, mas um golpe militar engendrado pela elite não o é. Assim como também não é um ataque à democracia a presença da ONU no Haiti e tampouco a possibilidade de um terceiro mandato do presidente colombiano Álvaro Uribe.
Eu, como estudante de comunicação, não acredito em imprensa imparcial. Aliás, não acredito e tento me afastar da imparcialidade sempre. Mas acredito que o processo que constrói a comunicação e as notícias em nosso país deveria ser dialético.
Às vezes me dá uma desesperança crônica do amanhã por perceber o modo como andam as coisas: essa “liberdade” de imprensa em nosso país, onde 6 famílias mandam em praticament tudo o que é dito em jornais impressos e televisivos, atingindo todo o território nacional, porém, penso que a resposta deve vir de nós, a contra-informação, a multiplicação de pontos que conversam, debatem e dialogam de maneira dialética.
Obrigado por seu comentário (:
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