Hoje, dia 17 de maio, Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, nós de Rádios e TVs Livres estamos lançando ao Brasil e ao mundo uma Carta Aberta em defesa da escolha do DRM (Digital Radio Mondiale) como padrão técnico para o SBRD (Sistema Brasileiro de Rádio Digital).
Através desta carta expressamos nossas reflexões sobre a melhor opção para o Rádio Digital no Brasil e no mundo. Defendendo a livre apropriação do meio Rádio, por qualquer grupo de pessoas que queira se expressar livremente, sem censura ou fronteira, local e globalmente, somos a favor da escolha do DRM – Digital Radio Mondiale – como o padrão de Rádio Digital a ser adotado no Brasil e no mundo.
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Ponto 0 – Existem implementações disponíveis para download tanto da modulação quanto da demodulação do DRM, tornando possível a criação de moduladores/excitadores DRM a um baixo custo utilizando-se plataformas de SDR (Software Defined Radio).
Ponto 1 – O DRM permite que se aumente o número de rádios na faixa da atual transmissão FM, visto que cada rádio FM ocupa 200kHz, e uma transmissão DRM nessa faixa ocupa 100kHz. Na verdade, visto que numa mesma transmissão DRM pode-se transmitir 4 serviços de áudio, seria possível rádios livres de uma mesma região se unirem, por exemplo, e tornar o aumento que o DRM proporciona em número de rádios possíveis em 8 vezes (2 vezes devido a utilização de metade da banda do FM, e 4 vezes devido a possibilidade de se transmitir 4 rádios utilizando-se um único canal DRM).
Ponto 2 – Rádios que hoje transmitem na faixa de Ondas Médias e Ondas Curtas terão grande aumento da qualidade do áudio. Rádios que hoje transmitem na faixa do FM poderão transmitir em até 5.1 surround. É possível transmitir slideshows de fotografias, textos, websites, e até vídeo ao vivo em baixa definição no padrão DRM, para receptores que suportem esses recursos.
Ponto 3 – O DRM funciona para se transmitir na faixa de ondas curtas, oque torna possível rádios com alcances continentais e até intercontinentais. Além disso permite a utilização de faixas de broadcast em ondas curtas hoje totalmente inutilizadas, como a faixa dos 26MHz, que potencialmente podem ser utilizadas para permitir que muitas novas rádios sejam criadas, e que durante o período de transição do analógico para o digital, todas as rádios tenham espaço no espectro para transmitir em analógico e digital. Nenhum outro padrão de Rádio Digital funciona na faixa de Ondas Curtas.
Ponto 4 – Para se obter a mesma área de cobertura de um transmissor analógico, utilizando-se o sistema DRM, é necessário o uso de aproximadamente somente 1/10 da potência utilizada no transmissor analógico, ou seja, o padrão DRM trará uma enorme economia de energia para as rádios e para o país, além do transmissor ficar bem mais barato, já que a parte mais cara de um sistema de transmissão é a parte de potência do mesmo.
Ponto 5 – O DRM é um padrão mundial novo, sendo que países de dimensão continental como a Índia e a Rússia já anunciaram sua adoção. Isso abre a possibilidade de um padrão para Rádio Digital que seja utilizado globalmente.
Ponto 6 – O DRM é um padrão de Rádio Digital que permite que rádios de baixa potência existam, assim como rádios de grande potência e mantém o esquema descentralizado de transmissão do rádio, que é como deve ser, para possibilitar que todos possam transmitir/receber, onde quer que estejamos.
Ponto 7 – O DRM é o melhor padrão de Rádio Digital que existe em nossa visão, visto que o grupo de padrões que requerem uma distribuição centralizada (como o DAB) nós rechaçamos, visto que isso gera um controle centralizado das transmissões, e o outro grande padrão considerado, o HD Radio, é propriedade de somente uma empresa, e assim como outro padrão de rádio digital, o ISDB-Tsb, eles utilizam maior banda espectral do que o DRM, favorecendo a escassez de canais para rádios, contribuindo para a manutenção dos grandes monopólios.
Ponto 8 – Já temos o conhecimento de como transmitir e receber DRM, ler “http://www.radiolivre.org/node/3825” e “http://www.radiolivre.org/node/3807”, de forma que em breve teremos nossos transmissores DRM a um baixo custo.
Ponto 9 – Somos contra o desenvolvimento de um padrão técnico nacional, visto que o padrão DRM atende a todas as necessidades brasileiras e mundiais. Além disso o consórcio que gere as normas do DRM e seu futuro é uma organização aberta que aceita novos membros, desenvolvimentos e melhorias. Queremos um padrão técnico mundial, de forma que as pessoas possam transmitir e receber rádio sem fronteiras nem censuras.
Assinado,
Rádio Capivara
Rádio Muda
Rádio Pulga
Rádio Radiola
Rádio Xibé
TV Piolho
Rizoma radiolivre.org
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reprodução de matéria vinculada no CMI Brasil
http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2010/05/471649.shtml