COMunicaÇÃO

O monopólio dos meios de comunicação resulta em diversas perdas para todos os brasileiros. Seja por conta da baixa qualidade, pouca diversidade ou direcionamento das informações passadas, todas são péssimos defeitos (e defasagens), e facilmente percebidas.
A cada período se percebe a abordagem de um tema. E só aquele tema. Incessantemente. Insistentemente. Em todos os canais. Horários. Programas. Formatos. E depois de algum tempo, o que era o mais importante, some. E outro tema surge.
Não quero citar aqui temas como algumas mortes e formatos de violência. Nem dos escândalos políticos. Pois estes de tempos em tempos se modificam, mas acabam no mesmo fim. Manipulação total. A descrença e o medo sendo embutidos na mente humana. E cada vez mais desequilíbrio social. Descrença. Desmotivação.
Sempre que assisto aos noticiários, tento manter uma visão crítica. Buscando falhas no discurso. Buscando brechas praquilo que eles têm que falar, mas não queriam. Por isso maquiam. Ou rapidamente citam.
Um desses casos aconteceu hoje. Confesso que dei importância para a notícia a respeito de um acidente aéreo (mais um, contabilizando três no ultimo mês) por conta da apreensão que uma amiga me disse sentir com essas notícias. Numa dessas conversas regadas a vinho e cigarros, ela confessou que estava muito abalada com tantos acidentes. Eu achei graça. Ela nem anda de avião (!)
Enfim. Me fez ouvir com mais atenção a noticia hoje. O que mais me preocupou e me fez re.pensar nela não foram as questões humanitárias. Nem o medo repentino deste meio de transporte. Mas foi, perceber, no fim da reportagem, um comentário político e econômico. O acidente foi com uma companhia iraniana, que dificilmente faz a manutenção mínima de seus aviões por conta de sanções das indústrias aeronáuticas dos EUA e da EUROPA.
Sim, economia. ECONOMIA. ECONOMIA. Tudo se justifica pelo bem do capital. Se a política não está de acordo, mas as empresas multinacionais têm sua parcela do mercado garantido, não há problemas. Se a cultura é outra, mas ainda assim se consegue vender seus produtos, tudo é bonito. Se a violência social é alta, a indústria de armas vai bem. Se a tecnologia é alta, a constante troca e busca por inovações alavanca vendas. Se o riacho está cheia de lixo, consumam mais! Consumam cada vez mais porque assim se pode reciclar mais!
Infelizmente, estamos (ainda) em uma sociedade que enaltece o capital, em detrimento de tantos outros fatores sociais. Além disto, se pensa a economia unicamente como sistema econômico, e não se observa a verdadeira amplitude da economia. DA ECONOMIA REAL. Àquela que trata a economia como forma de elo social, como forma de articulação política, de relação social, de manutenção da sociedade. SOCIEDADE. É outro enfoque. É outra forma de desenvolvimento.
Ao fim do mesmo programa, ainda vi como a bolsa financeira está em alta. O sistema financeiro se recupera. De novo. Claro. Disso acho que ninguém tinha dúvidas. A manutenção do sistema como ele é será possível, por um tempo. Colapsos ainda maiores serão visíveis. Por isso, o maior dos debates do atual momento não deve ser somente a crise financeira. E sim, a crise sistêmica. A crise profunda das estruturas da sociedade. Da forma como tudo isso é mantido. Manipulado. Como títeres, muitos são controlados pelos interesses de tão poucos. Uni-vos. Pensai. Articulai. A mudança está em curso.

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verdeVAGOmundo

A viagem, nunca cessa. Ela continua martelando em sua mente. Você já voltou, reviu a realidade em sua casa. Relembrou velhos momentos. Confortou-se novamente em seu canto. Foi fácil ver sorrisos alegres com sua volta. Mais difícil foi enfrentar aqueles que torceram para que sua escolha fossem os caminhos da vida. E isso também aconteceu. Nunca se volta plenamente ao que se deixou. E talvez aí que a viagem continue também.

A volta não tem volta. São tempos e mais tempos de retomada, de re.pensar. de re.encontrar. de re.tornar ao que foi deixado pra depois. E depois, as vezes, se torna nunca mais. Porque afinal, você mudou mais do que qualquer um. Do que qualquer tempo. Qualquer dia. Qualquer número. Porque não há jeito. Não há trejeito. Não há modelo que modele o que você é. O que você pensa. O que você quer.

Depois de ter sentido a brasilidade. A falta que ela me fez, e o alívio que ela me trouxe. Depois de ter sentindo de perto a grandiosidade da Amazônia. De ter sentindo saudades da minha Terra. Da minha língua. Da minha pátria. Retorno à ela ainda com mais intensidade. Penso e re.penso como pode ser tão bela. Tão gigante. Tão intensa. Um amor pra toda vida. Que aumenta ainda mais quando a distância dos costumes aumenta.

Ficou a experiência. E muitos conhecimentos. Entre eles, a satisfação de ter conhecido um exponente escritor paraense. Benedicto Monteiro. Foi em um dia comum nas ruas de belém. De calor intenso. De intensa troca. Um senhor muito conversador, como os locais costumam ser por lá. Dono de um sebo, conhecia muito literatura. Eu lhe pedi uma indicação. Algum autor local. Se você quer algo bom, disse ele, o meu favorito: Benedicto Monteiro. E logo foi se desculpando porque só tinha um livro dele. Sua biografia.

Antes mesmo de sair do país eu já tinha devorado aquelas páginas. Não conseguia parar. O cara é foda! muito mesmo! Uma daquelas leituras que caminham praticamente por si mesmas. Que te levam por locais desconhecidos, que depois quando se vai conhecer parece que já sabia de algo. Te leva pra outros tempos, outros costumes. Mas tá tudo ali, indo por uma estrada que você mesmo constroi em sua cabeça.

Benedicto Monteiro foi, além de escritor. Poeta. Jornalista. Político. Perseguido pela ditadura. Mateiro. E foi aí um exponencial. Conhecedor da vida amazônica. Tanto que Darcy Ribeiro anos depois declarou: “sua tetralogia – Verde VagoMundo e Minossauro, que se completa com A terceira Margem e Aquele Um – é o espelho melhor que se compôs até hoje para ver a Amazônia“.

Graças a tecnologia em rede, pude nesta semana receber em casa o Verde VagoMundo. Expectativa que estava por isso. A compra foi pelo (ótimo) portal de sebos do brasil, a ESTANTE VIRTUAL. http://www.estantevirtual.com.br/ . Um ótimo serviço para àqueles que, como eu, estão em busca de viagens pelo conhecimento, como antigamente. Àqueles que ainda gostam de folhar um livro, sentir-se aproximar do fim. Ler da primeira a última. E voltar. Re.ler.

É nos sebos que achamos raridades. Novidades. E imagine a tecnologia de se ter um acervo de diversos SEBOS no Brasil inteiro. São muitos volumes que se pode achar. Encomendar. Ler, afinal, o esperado volume. Prefiro este uso da tecnologia do que os recém re.lançados modelos de leitores digitais da Apple. Mas, ainda bem que cada um busca o que quer. Cada um com seus desejos.

Quero compartilhar uma parte deste volume, o qual não consigo parar de ler, me instiga. Me facina. Me faz sentir novamente a brisa do vento amazônico, o som das folhas dançando ao vento. A força da correnteza do rio me levando ao desconhecido. Da prosa mansa do matuto. Da dança quente das caboclas. Do gosta natural das frutas que caem das árvores em nossas cabeças. Da liberdade, da beleza. Da lua e do rio. O grande rio-mar!

“Eu era mesmo assim, seu Major. Não, não era doidicia, não. Eu andava mesmo procurando um pau, um pau que pudesse servir de marco na minha vida. E que ficasse pra pai, mãe, padrinho e namorada, como fiel recordação. Até pensei, em plantar ali mesmo, uma árvore no terreiro. Podia bem ir à cidade e de lá trazer um filho de mangueira. Não, mangueira não. Mangueira, podia morrer no inverno quando as águas subissem. Minha mãe podia até ficar preocupada, pensando no azar. Ademais, mangueira é fêmea, árvore fêmea. Não podia me representar todo inteiro pela ausência. Planta fina da cidade, não servia. Não servia. Tinha que ser mesmo árvore de mato. Um dia, pensei que tinha encontrado: o taperebá. Porrete! Taperebazeiro era ótimo, dava certinho pra plantar no terreiro: bem no canto da casa, de frente para o rio. E tinha muitas vantagens, seu Major: não precisava de semente, nem de muda, nem de filhos: grelava de estaca. (…) mas ô diacho, é que o âmago do taperebá, era leitoso e vermelho: cor de sangue. Não podia inspirar boa recordação (…) não podia ser o taperebá, que ficava lacrimejando de tempos em tempos. O senhor pensa que desanimei? Não. Voltei novamente pra mata, e procurei outra árvore. Uma árvore. No terreiro da casa é que não ficava bem. Ia sair pelo mundo, enfrentar a vida, lutar contra a sorte, sem contar com a proteção nem de mae nem de pai. Mal comparado, eu podia me meter até num igapó ou num chavascal, o que o senhor acha, seu Major? Pensei em revista as árvores para uma nova escolha. Tinha excluído o catauari, porque era esgalhado, e se confundia facilmente com as árvores de seu porte. O taxizeiro, seu Major, tomara que o senhor veja: é um pau bonito! Esguio e forte, de rara folhagem nos altos galhos. Suas flores quando caem, giram como hélices, milhares de hélices, ao sabor do vento. São as primeiras flores que anunciam a vazante do rio. Mas depois lembrei de uma triste inconveniência: é um pau muito cheio de formiga. A imbaúba, nem contava! Apesar das folhas, grandes folhas: brancas de um lado e verde acinzentada do outro, que brilham. – Isso eu sei que brilham tanto na luz da lua como na luz do sol. O Senhor vai ver, seu Major, quando fizer luar: que beleza! É o brilho da folha da imbaúba quando o vento bate. Mas imbaúba, é o tipo de pau bonito mas ordinário: galhos finos de sacaí e tronco oco e cheio de nó que nem bambu. Taperebá, eu tinha decidido: não servia por acausa da casca, que lagrimava sangrando. Eras de pau! Aí, me lembrei do marisarro. Taí o mari-sarro, pensei muitas vezes: quando floria era a árvore mais bonita! Só que depois, perdia as folhas, caíam as flores e ficavam pindurados só os frutos. Eram frutos negros e retorcidos, e ficavam apinhados nos galhos que nem bandos de urubus. Era um pau paresque até por demais agourento.
Na terra firme, eu conhecia muitas árvores que bem podiam ficar como lembrança, só que não grelavam naquelas proximidades onde precisava ficar minha presença. Eu precisava de uma presença viva, que durasse todo o tempo da minha ausência. A canaheira da várzea, por exemplo, chamada de sapucaia, não era como o castanheiro do Pará. A sapucaia, além de ser baixa, esgalhada e fêmea, ficava sempre com os ouriços pendurados até apodrecer. E, quando caíam as pivides, apareciam os buracos, que riam paresque enormes bocas sem dentes, gritando pras distancias nos rios.
tambor feito de um ouriço - fruto da castanheira
Já o castanheiro macho, castanheiro do Pará, esse sim, era o gigante da mata! Tem a copa acima da mais alta árvore da floresta: desafia ventos e tempestades. È o que recebe primeiro as chuvas mais próximas do céu. Também, quando os seus possantes galhos se abraçam com os ventos, toda a floresta sente o duelo dos porretes no temporal! Parece até que as árvores visinhas se abaixam, esperando o resultado da luta entre o pau e o vento, nas alturas do firmamento. É colossal! Lhe juro que é uma coisa terrível de colossal! Agora, quando o bicho-pau vence a luta, que os ventos se libertam dos braços-galhos, então o senhor gosta de ver a enormeidade dos ouriços que se alastram. O castanheiro-homem, esse ri e acha graça do resultado da briga: castanha no chão, princípio de colheita, é a safra. É a safra que começa. Mas a floresta estremecida e violentada, agite inteira, ramos, galhos, flores e trepadeiras, num grito triunfante que sacode a terra e invade os campos, matos e rios, por toda a redondeza. Porém, seu Major, eu nem lhe conto, quando o vento consegue derrubar o bruto gigante da floresta: as entranhas da terra são viradas do avesso. Por quê? Porque o próprio peso da enorme copa, arranca todas as raízes. No chão, o papoco abre uma cratera; e na mata, uma clareira. Confunde-se então seu Major, o esmagamento de troncos, imensos troncos, com tenros arbustos, num terrível massacre de flores e frutos. Não seu Major, o castanheiro não servia, não servia: era grande, grande por demais. (…)”

Nessa escolha natural, nesta imensa diversidade da floresta, nesse conhecer o mato. Vai-se lendo cada página, como se se caminhasse por entre a floresta. Como se navegasse a imaginação pelo grande Rio-Mar. Me faz pensar como os nativos tem uma relação muito próxima com a natureza. Como pode um homem comparar-se com as árvores, com suas características, de forma tão intensa, tão singela, tão sincera. E tão real. E, afinal, pensar: que árvore eu deixaria pra ser a lembrança viva de minha presença. Na minha terra. Na minha casa.

Nunca procurei com afinco essa resposta. Mas me recordo de muitas vezes estar em baixo de um velho pinheiro de minha casa. E de ouvir minha mãe contar que plantou-o quando estava me plantando. Quando eu germinava em seu ventre, ele germinava em seu solo. E juntos, crescemos. Maduramos. Ele demonstrando suas pinhas, eu minhas espinhas. E juntos, chegamos a ser adultos. Experientes com o tempo, com as energias do inverno e do verão. Com as noites de luas cheias, e com as chuvas fortes. Com os visitantes alegres e festivos, e também com aqueles que nos buscavam pra sugar nossa seiva. E juntos envelhecemos, a cada dia. E quem sabe, seja ele afinal, que me faça ter saudades das manhãs de chimarrão e cantos de pássaros.

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tudo novo. Nada novo

Segundo a opinião de alguns, esse século será visto futuramente como àquele que modificou a realidade de forma virtual. Se o século XIX revolucionou através das ferrovias, e o XX através das rodovias e aerovias, o século XXI está sendo pelas infovias. Todas demandaram esforços econômicos, e foram alavancas para o desenvolvimento.

As formas como o homem desenvolve suas relações sociais, políticas e econômicas está intrinsecamente ligada a esta relação de transporte. Ou de percepção de movimento. A relação entre a tecnologia e os usos que se faz dela.

A revolução das redes, como tem sido chamada esta nova onda de mudanças sociais, traz uma nova percepção do tempo, do espaço, do ser. É uma mistura entre a percepção do real e do virtual. A quebra do tempo. Do espaço. Talvez aí que entrem os questionamentos da teoria da relatividade. Sim, tudo é relativo. Sempre foi. Mas agora ainda mais pode ser percebido.

Se a Vida virtual é comparada com a vida do cão (se sabe que cada ano humano é considerado como sete anos caninos), isso se dá pela percepção de que o tempo gasto na frente de um computador “surfando” na rede passa uma percepção de tempo distinta da real. E também pela tremenda necessidade de sempre se atualizar. Correr atrás de conhecimento, cada vez mais necessário.

Além desse lapso de tempo, facilmente se perde a noção de espaço. Afinal, alcançamos um período de globalização extremo. Qual a diferença entre ler os jornais do bairro e àqueles do outro lado do mundo? Quais as diferenças culturais entre você e um chinês? Ou um jamaicano? Sim, somos uma aldeia global.

Aos viajantes, isso é facilmente percebido. Temos as mesmas referencias culturais. Históricas. Conhecimentos políticos. Tudo. Tudo pode ser debatido de forma igual. Da mesma forma que tudo pode ser relativo. Relativizado.
Sim, pois afinal, qual a verdadeira verdade?
Aquela que vemos? Que sentimos? Que lemos nos órgãos oficiais? Que lemos nos blogs pessoais de gente comum? Como eu e você, como eu e você saberemos da realidade?

A formação de redes virtuais cresce exponencialmente. A cada dia mais e mais pessoas se unem a grupos de pressão, de discussão, de troca. Cada vez mais você passa a discutir e acompanhar coisas de pessoas que não conhece na vida real. Pessoas que talvez você passe a conhecer melhor que seu colega de classe. Pessoas que estão tão perto, e tão longe.

O mais difícil é analisar o presente. É perceber as transformações enquanto elas acontecem. E tudo isso ta acontecendo agora. A cada dia. Todo dia. Numa velocidade nunca antes vista. Novas tecnologias e formas de utilização destas surgem. Novos. E ou se acompanha, ou se fica a margem do sistema. Ou a mercê Dele.

Avaliar por exemplo os novos mecanismos virtuais de se fazer política e pressão social (como o twitter, youtube, e outras redes virtuais) é um desafio para a atual política internacional. Se a guerra da Bósnia (início da década de 1990) foi a primeira com grande influencia política dos MCM (ainda que de forma centralizada e com poucos correspondentes oficiais destes meios), nenhum acontecimento da política internacional hoje teria o mesmo impacto se não fossem as ferramentas da rede.

O 11/09 foi acompanhado ao vivo. Um acontecimento inesperado (será?). Outros movimentos políticos são igualmente acompanhados: Os ataques ao Iraque, ao Afeganistão; feitos via satélite, por “soldados” que controlam bombas reais, por ferramentas virtuais, como vídeo-games. As denúncias e pressões sociais. Das eleições do Iran. Da política externa dos Estados-Unidos. Do desmatamento da Amazônia no Brasil. Dos passeios virtuais do googleEarth.

Quanto conhecimento e desconhecimento na rede. Quanta coisa tem ali. Tanto, que é difícil separar o joio do trigo. O bom do ruim. O verdadeiro do falso. Dá pra procurar no googleAcademics só material teórico sobre qualquer tema. Imagens. Fotos. Notícias. Tudo. Conhecer e desconhecer. Aprender e se perder.

Enquanto ela envolve todo o Planeta, ela envolve a tua vida de forma intangível.

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Petrobrás e a comunicação

Recentemente a Petrobrás lançou um blog pra manter uma comunicação mais direta com o público. Foi notícia em diversos meios, inclusive em outro blog da rede soylocoporTi.
O que deveria ser visto como uma iniciativa de transparência e de ampliação da comunicação, tornou-se motivo de ataque daqueles que insistem em controlar as informações no país.
A revista Época, mais uma edição do grupo GLOBO, desta semana passada veio com a crítica: o blog estaria se interpondo entre o jornalismo e sendo um meio de pré-defesa da empresa diante da CPI criada e fomentada por alguns setores da oposição política atual.
A crítica na qual se prendem é que ali, a empresa estaria publicando, na íntegra, entrevistas enviadas aos mcm antes mesmo que estes publicassem suas matérias. Isso foi corrigido. A empresa se responsabilizou por aguardar a publicação pra somente depois postar no blog. Ainda assim, na integra. Claro, pois edições podem alterar todo o contexto.
A editora ainda não se sentiu satisfeita. E fez a crítica em sua publicação, no mínimo, direcionada a alguns interesses corporativos.
O que posso dizer, é que, eles ainda continuam querendo manter o monopólio da informação. Não gostam de ser desafiados, de ter concorrencia, de ter outras visões sobre os mesmos temas.
Bem, talvez por isso também que o Ministro das Comunicações, tenha declarado que os “jovens deveriam asssistir mais televisão e ouvir mais rádio, ao invés de ficar pregados na internet.” Isso porque, neste novo meio, difuso, democrático e aberto a diversas opiniões e visões, “eles” não conseguem controlar tudo. Não controlam como veremos, como saberemos, como pensaremos.
É a revolução da informação. Alguns glorificam. Outros se sentem prejudicados.
A abertura de visão prejudica os que querem (e sempre conseguiram) manipular e controlar o que fora visto.

Em terra de cegos …

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crise : oportunidade

cada um, todo ser, tem sua crença!

Sim, a crise pode significar um problema, mas também pode ser vista como uma oportunidade! Uma nova chance para o ser humano perceber a falha estrutural do sistema dominante. Uma chance de socialmente evoluirmos. De percebermos que temos que mudar profundamente nosso modo de viver, de ser, de ter.
Devemos, pra isso, perceber que esta não é uma simples crise econômica. Que, apesar do sistema capitalista sempre ter sido de altos e baixos econômicos, esta não é somente mais uma recessão. Pelo contrário. Esse é o momento em que avaliamos o sistema como um todo. E percebemos, que a crise é geral.
É uma crise ambiental, social, econômica, estrutural, cultural, política. Tudo junto e misturado. Sabemos, que tudo influencia tudo.
Se hoje diversos setores da sociedade debatem o ambientalismo, também deveriam pensar nas formas de produção e consumo da sociedade. Isso nos leva a pensar nas formas de democracia. Na representatividade da sociedade no sistema político. Na forma como a política deveria estar mais intrínceca na sociedade, em todas as suas facetas. No dia a dia.
Sim, uma mudança profunda, necessária. Essencial. Para um outro mundo possível. Um outro mundo mais participativo, colaborativo, sustentável, equilibrado.

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American Zeitgeist

O documentário que em 2007 veio denunciando a manipulação dos EUA para levar a sociedade para a “Era do Terror”, manipulando a mídia, além de possivelmente forjando um ataque em seu território, e que em 2008 continuou denunciando o desequilíbrio da sociedade em que vivemos, atacando abertamente a concentração e indivialismo do capitalismo contemporaneo. Lança neste ano um movimento chamado Venus Project.
Depois de questionar o sistema de valores (dinheiro, sist financeiro, etc) da sociedade atual, o Venus Project propõe a formação de uma outra sociedade. Baseada na cooperação entre os seres humanos, na tecnologia para a criação de bens, na solidariedade e na sustentabilidade junto à natureza. Vale a pena dar uma olhada no site!

http://www.zeitgeistmovie.com/

e vale a pena acreditar na formação de outro mundo melhor!

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o silêncio e a observação

Uma visita inesperada neste sábado à noite me fez ficar em casa. Da janela de meu quarto podia vê-la, e ela a mim. E assim ficamos em um profundo silêncio contemplativo por alguns minutos.

A minha pouca paciência, reflexo da velocidade imposta pela atual sociedade do “agora ou nunca” me fez desistir do duelo imposto. E isso me custou a ânsia de, a todo momento, voltar e dar uma espiadela pra ver se ali ainda estava minha companheira daquela noite. Ela, sem pressa e sem dor, seguia firme em seu propósito. Em silêncio, me ensinou a calar.

Foi através de seus olhos penetrantes que pude ver como somos ridiculamente rápidos. A velocidade é um dos principais fatores de nossa sociedade. A quebra da distância pela velocidade e pela facilidade de comunicação/transporte. A quebra do tempo.

Olhei novamente pro meu PC, com as janelinhas do MSN piscando. Com as páginas se atualizando. Com o vídeo que baixava. Com o texto que escrevia. E ao olhar novamente pra ela, sua paciência me ensinou a parar.

Percebi como vivo (vivemos?) em um mundo veloz. Não somente no dia a dia, no trânsito, na tecnologia. Vivemos em um mundo em que não temos tempo nem mesmo pra saber o que queremos. O que fazemos afinal? Porque corremos tanto? Pra que? Algumas pessoas nem mesmo sabem responder. Eu também não sei. Mas questiono.

Percebi então como é difícil se desligar deste mundo conectado. Pensei no MSN que sempre está aberto. No gmail que me notifica a cada nova mensagem que recebo. Nas revistas que me falam tanto de tudo. Nos sites que me levam pra outras realidades. Pensei no meu celular, que só desliga quando está sem bateria. E pensei em vocês, todos vocês que estão na mesma neurose comunicativa. Àquela que sentimos todos os dias, a qual nos impulsiona a querer (e ter) que buscar informações de todas as maneiras, sejam elas de nossos amigos, conhecidos ou desconhecidos.

Percebi então como estamos atolados em um mundo que não se desliga. Que como cães em um carro vemos tudo passar rapidamente, pela janela, e não temos tempo de nos ater ao que nos interessa. Estamos na autovia da comunicação, e, no final das contas, melhor estar nela do que marginal a ela. Então seguimos assim, correndo.

Naquela noite, o sono não chegou com tanta rapidez. E ali, sozinha com meu travesseiro pude perceber como o silêncio nos espanta. Pois ele traz consigo a força da respiração. Alguns segundos já me levaram para um outro plano: aquele em que estamos meio acordados e meio dormindo. Ainda não sonhamos, mas pensamos. Confesso que já são pensamentos soltos, pensamentos sem métrica, sem lógica, sem rumo. São eles que nos carregam pro mundo dos sonhos, isso, senão formos interrompidos por algum chamado.

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nesses dias de absoluta incomunicabilidade, descobri que o pensamento é uma função orgânica. Uma função incontrolada e incontrolável do ser humano. É uma função máxima, metafísica, super-real, cuja origem ou matriz até hoje não foi descoberta. Nem no organismo biofísico-químico que compõe o corpo material do ser humano, nem no tempo e nem no espaço cósmico.

Descartei, com alguma dificuldade, que o pensamento pudesse ser parte da alma, do espírito ou até do resultado de um sopro divino. Mas não pude separar o pensamento da energia cósmica. E foi aí que eu descobri a mente como um campo de energia eletromagnética e telepática, que faz do organismo humano um ser integrado nos sistemas da sociedade e no ilimitado ecossistema da natureza.

O pensamento é uma energia vital que permite ao ser humano a lembrança, a esperança, a ambiguidade, a intuição, a premonição, a consciência, a clarividência e a memória. Descobri então que todos estes atributos do pensamento fazem parte da consciência. A lembrança e a esperança, por exemplo, são como que um despertar e uma reavaliação da memória. Pois foi através da lembrança e da esperança que eu exercitei essa função mesma do pensamento. Durante os sessenta dias que passei incomunicável na cela solitária do quartel militar, o meu pensamento foi uma funçção orgânica que me manteve vivo e imune a todos os ataques das doenças físicas ou mentais.

Só o esquecimento é o antídoto orgânico para o pensamento. Ele é descarga automática que mantém a energia vital da mente em permanente equilíbrio dinâmico. O esquecimento é a válvula de escape da memória. É o processo destruidor-construtivo que mantém o fluxo energético de todo o nosso organismo. Quando a pessoa não esquece, a saturação energética da memória transforma o ser humano num marginal, num criminoso ou num qualquer tipo de esquizofrênico.

Embora eu não tenha conhecimento específico de neurologia, descobri, também, que a mente não está localizada exclusivamente no cérebro. Como disse, a mente é um campo energético-telepático e eletromagnético que atua em todo o nosso sistema nervoso, mas cujos efeitos se reproduzem em palavras, sons, cores, ritmos, gestos e imagens. Esses efeitos todos se organizam na linguagem.

A mente produz também essa espécie de energia cinética, o pensamento, capaz de atravessar qualquer tempo e qualquer espaço, mesmo o vazio, o vácuo, o tempo e o espaço indefinido. É capaz de penetrar o material mais compacto e impenetrável. È capaz também de interpenetrar o tempo-espaço. E de criar ou apagar todos os conceitos que utilizamos para descrever a natureza.

Foi a necessidade que tive de pensar – numa cela solitária absolutamente incomunicável – que me permitiu duvidar de tudo e de todos. A primeira desvinculação que sofri foi a da minha família. Logo depois me desvinculei de todas as leis estabelecidas. Dos mandamentos da religião, dos conceitos e preconceitos da sociedade, das regras e dos códigos políticos, dos parentescos dos parentes e da amizade dos amigos.

Fiquei só. Só eu comigo mesmo. Sozinho, só, sozíssimo.

Tive que repensar tudo na minha vida. Mais de 180 dias, mais de 4.320h e mais de 259.200min. Pensando o pensamento. Um pensamento crítico e autocrítico. E, pela primeira vez, absolutamente original. Surgindo de dentro de mim mesmo.

Nesses dias de prisão incomunicável eu consegui abrir a porta de ferro, quebrar a pequena grade da parede e derrubar as paredes e o teto de cimento da cadeia. Aí eu caminhei no tempo absoluto e no espaço absoluto só com o pensamento. Mais tarde eu identifiquei esse pensar como uma espécie de meditação oriental. Li nos budistas, nos taoístas, nos hinduístas, que essa era a única forma de chegar ao aconhecimento absoluto.

Não cheguei.

Benedicto Monteiro, Belém do Pará – 1993. Transtempo

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Os desejos indesejáveis

Assistir a um documentário a respeito de Costa Rica no domingo à noite, me fez pensar muito a respeito do crédito. E mais, a respeito do endividamento à partir do crédito. Neste pobre país da América Central, a média nacional é de 07 (sete!) cartões de credito por pessoa. Isso gera uma multidão endividada, que investe em compras supérfulas e que nem sempre representam as verdadeiras necessidades (e vontades) dos cidadãos.  A maioria deles é levada a comprar carros, celulares, computadores, … mas será que todos realmente querem isso? será que todos precisam disso?

Vejo a mesma realidade acontecendo no Brasil. E em tantos outros países do mundo capitalista. Somos levados a querer bens materiais. Levados a desejar produtos que em suas propagandas, nos mostram como nossa vida pode ser melhor se tivermos aquilo. Como é muito bem colocado no filme Historia das Coisas.

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a dificil volta dos que ainda viajam

O choque da volta é inevitável. Muitos dizem que é maior que na ida a um outro mundo, um outro país, uma outra cultura. Isso porque, apesar de toda falta que tudo nos faz, da saudade dos amigos, do conforto do lar, da segurança da família e do conhecer dos caminhos, é dificil esquecer da liberdade que a estrada nos proporciona.

A falta de rotina, o dia a dia distinto e desafiante, as rotas, os encontros e despedidas … o desafio do novo, a vontade de ter cada vez mais e mais horizontes a ampliar, uma sensação viciante, que traz uma energia sem igual.

A volta, nos deixa silenciados, estupefados de prazer de conhecer novamente os velhos conhecidos, de ver novamente o tão repetido caminho pra casa, de entrar em seu quarto e ver tudo como deixou. Ou quase tudo. Se pra nós, viajantes, o mundo de volta pra casa parece ter parado no tempo, pra todo o resto do mundo ele continuou andando. E o deslocamento é quase inevitável. Ainda mais sendo uma ex-estudante universitária, uma sem-emprego fixo, acabo perguntando-me: voltar pra que? Por que?

Volto os olhor pro meu universo individual, vejo tantos planos e tantos sonhos a minha frente. E me pergunto denovo: o que? fazer o que?

Viajar, como já antes declarei, é antes de tudo viajar em si, refletir, pensar e repensar em seus passos, em seus destinos, em seus anseios. E isso na volta revolta. Re-volta a ser reflexão. Pensamento constante. O que eu quero fazer? Pra onde quero ir? que horizontes me esperam? Bem, respostas não tenho, mas continuo na busca.

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