Comércio Justo

Estou em um hostel de muitos viajantes, no quarto posso ver um mapa mundi rabiscado, lugares bonitos, caminhos interessantes, um X sobre os States e a palavra MERDA! Em outro lado um FORA YANKES também demonstra o que todos pensamos: chega de exploracao!
Se antes era proibido falar quechua no centro de La Paz e se de um lado era espanhol e outro indígena, hoje a liberdade é vista por todo lado, muito bem representada pela linda bandeira dos povos indígenas da américa. A mudanca foi clara desde Evo Pueblo, como é carinhosamente pichado por todos os lados, estradas, povoados.
A coca também esta muito presente, ambas. A coca-cola e a ora de coca. A personal custa $1 em qualquer venda, e também a compania comprou a pouco a principal concorrente local, a Inca Cola. Mais uma perda pra industria nacional, e mais uma demonstracao de como as grandes empresas atuam pra conquistar mais lucros em todo o mundo, exterminando ou comprando seus concorrentes. Controlando o mercado com precos baixos. Enchendo o bolso de um, e explorando os demais. Mais ainda há concorrentes, como a Coca Quinua e outras locais, e também é ótimo ver o vapor saindo das grandes caldeiras da Cervejaria Nacional Boliviana, enchendo de Pacena a todos.
Mas ainda que seja uma perda, é bom ver que podemos comprar em qualquer lugar, nao só a coca cola, mas tudo que se possa imaginar. As ruas e avenidas estao todas tomadas por vendedores ambulantes, barraquinhas, banos no cháo, sacolas, potes, tudo. Por isso se ve vida na cidade, a rua esta tomada por seus cidadaos que vendem a outros. É um elo social forte. A mamitcha que te oferece uma saltenha quentinha pela manha. E tambem muitas flores que colorem as ruas. Comidas, de tudo. Mas nem tudo é recomendado.
Mas recomendado mesmo é a coca. A ora esta presente na vida de todos, pois é um santo remédio. Para mal de estomago, de altura, de cabeca. Chas, balas, gomas, naturais. Em uma cidade a 3h daqui, aconteceu um festival de música nesta páscoa, e era uma fazenda que plantava coca. Conversando com os dois proprietários, me contaram que seu filho esta no Brasil, e que todos da regiáo as tem. Tradicao, cultura. A oha de coca é sagrada pra eles como pra nós é o café, que aliás aqui é terrível.
Fico pensando como estamos atrasados neste sentido, o Brasil sempre foi muito explorado por grandes empresas, e além de boicotes economicos, também seus interesses sao defendidos em variados órgáos políticos e culturais. Que tristeza dá ao pensar que a Feira do Largo da Ordem é controlado por anos, sempre os mesmos. Cade nossa diversidade? Algo que tanto admiram no Brasil? Que facamos mais como nossos hermanos, que tenhamos mais proximo de nossa vida a economia. Que as ruas sejam tomadas por pessoas vendendo seus produtos. Me lembro de um tiozinho, protestando contra o Wall Marte em seu estacionamento. Ele nao podia abaixar mais o preco que vendia ao mercado, nao houve negociacao. Entao ele vendia ali, por $50! sua producao daquele mes, e protestava. Porque queriam ganhar tanto em cima de seu trabalho??
O conceito de público é muito melhor entendido pelos bolivianos, ocupam o espaco mesmo. Pelas ruas, alem de economia, também se ve politica, em varias rodas de discussóes. Serrissimas. Se ve encontro e diversao pras criancas nas pracas. Se encontra teatro aos domingos com vários artistas amadores. Tudo simples, tudo funcionando. A rua, o público. Nosso espaco de direito. Nosso dever de ocupar.

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pouco tempo para o fim …. tristeza de viajante

Ja comeco a contar o tempo pra volta. Mesmo indo pra um caminho diferente, comeco a olhar praquele que me levara denovo a minha terra. Conhecer ainda as Salinas é um espetáculo. Uma das maravilhas naturais do mundo. Um mundo diferente, algo que nunca vi, nem imagino como seja. Vou correndo pegar o onibus agora pra isso. MAs meus pensamentos continuam em meu retorno. O que fazer, quem buscar, que projetos encampar, como voltar logo a estrada.

Ainda antes de pegar o rumo pra casa, vou curtir o ultimo final de semana com amigos viajantes, uma páscoa eletronica. Um festival de tres dias que acontece em coroico no prox final de semana. Doce, muito doce despedida.

Sinto uma alegria ao pensar em rever todos, porém ja sinto um aperto como se estivesse deixando esta vida de viajante pra voltar pra rotineira cidade. Pra pressao do dia a dia, pra rotina do relogio. Pro conforto de conhecer cada caminho.

Penso se estou tomada pelo virus viajante. Por algo maior que nos que mostra que viver é preciso, e que buscar caminhos é a melhor forma de sentir emocao e criar coragem pro novo. Sair do mundo de dias, horas e compromissos. Enjoy yourself. Conhecer voce mesmo. Curtir. Aprender. Abrir’se pro novo. Isso é que é viver, intensamente, cada dia. Preparem’se amigos. Pouco tempo me separa da estrada, e na prox quero ter companheiros mais. Planos. Planos pra nao ficar parado. Planos pra viver. Planos pra questionar.

Se ja penso na volta pra casa, Também já penso no caminho depois. Na saída depois, no proximo caminho que este me leva a buscar. Sempre buscando novos caminhos ……

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um romance por La Paz

Intensa. A vida em La Paz assim se parece a mim, mera viajante contagiada por sua forca, sua energia e seus encantos. Sao pequenas ruelas de pedras que do alto pouco se ve, algumas avenidas mais novas que sempre estao atoladas de Taxis, e transportes públicos. Sao muitos deles que param e vao gritando o destino. Meu preferido é o ¨eletricPAZ¨.

Uma cidade antiga, com muitos predios lindos em estilo barroco, ao olhar pra cima, um céu pertinho que se enche de neblina todas as noites. A forca da lua transforma algumas das brancas nuvens em aberturas pra um azul intenso e muito diferente. As estrelas se escondem, bem como as casas mais altas.

La PAz é uma cidade imensa, e se pode ver isso todos os dias ao olhar para as enormes encostas, os caminhos que vao subindo até o Alto, um outro mundo que vive em paralelo a esta La PAz do sub’mundo. Sim, assim nos parece quando aqui estamos. Uma cidade abaixo da outra, e que muitas vezes sofre por isso a pressao dos trabalhadores em greve, por exemplo.

Uma cidade velha, com muita gente jovem visitando. Muita festa. Muita comida pelas ruas. Encontros e desencontros de uma bela cidade gelada, que se esquenta com o sol forte dos andes, e resfria com a neblina densa da noite. Dia e noite em La PAz se ouvem buzinas, risos e gritos do comercio. Dia e noite em La Paz é um eterno romance com uma cidade de seculos.

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os caminhos INCAS

Ao ver de cima a grandiosidade das construcoes incas, nos parece ainda mais inacreditavel a grandiosidade e habilidade destes povos.

Caminhos estreitos entre pedras em uma regiao extremamente montanhosa e a mais de 3mil metros acima do nivel do mar, nos levam a uma cidade perdida, enorme, muito bem conservada. Forte. Intensa.

A todo momento se ouve o barulho forte da água do rio lá abaixo, depois de ela ter sido recolhida, utilizada e canalizada na cidade, volta a seu leito, que mais tarde será uma das vertentes que chegam ao Rio Amazonas. Outro gigante conhecido por esta viajante, me faz pensar que estou em um caminho só.

Cuzco era o centro do Império Inca, e continuou sendo dos espanhois depois que estes tomaram o poder, sobre as antigas construcoes de pedras, os templos incas foram substituidos por igrejas católicas. Lindas, enormes como todas as outras construcoes deste povo.

Pedras e mais pedras de tamanhos inacreditaveis sendo carregadas para estas obras, e alguns templos mais importantes, tem todas elas lapidadas e com desenhos em suas faces, inacreditável.

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Plaza San Francisco

É a plaza do governo federal público. Tem legislativo, executivo, relacoes exteriores, igreja, e pombas. Alèm da grandiosidade dos prédios e edificacoes em estilo barroco, o que surpreende é a quantidade de pombas. Sim, e ainda mais, a forma como elas interagem com a sociedade dali.

Um lugar muito movimentado, tem um velho fotografo que ali fica pra tirar as melhores poses das pessoas, com as pombas. sim, é como um amor entre todos. Muitas criancas se fartam jogando milho pras pombas, outras se deitam no cháo para que elas venham por cima. Tem até aqueles que viram puleiros.

Mas ali, teve uma garotinha que me chamou a atencao. Sua energia esta em si mesma. Altista, vive em um mundo só dela, mágico. Imaginem que estava a brincar com as pombas, quando viu uma querendo “subir” no cangote da outra, imagino eu pra tranzar. Ela estava lá pra proteger a pobre pombinha. Mandava embora todos que tentavam dela se aproveitar, batia o pé e gritava. Depois de um tempo, se recolheu com a pombinha em um gramado proximo, feliz de ter sido bem sucedida em sua missao de protecao. Beijava as pombas, pois a pegava com enorme facilidade. Diferente de alguns marmanjos que nao conseguiam faze-lo.

Um pouco depois disso, ela viu um carrinho de dois bebes gemeos, e lá se foi ela entrar nele. Quando retirada pela dona, comecou a correr em círculos, disfarcando. E lá voltou. Queria também os pacotinhos de milho que ali estavam, a dona do carrinho comecou a suplicar: quem é a mama desta niña?? Ela é forte. Ela tem vontade. Ela me cativou, surpreendeu com tantos gestos de clareza.

Continuei analisando a cena, de tantas pombas e da sociedade. E vi que elas também eram uma sociedade. Isso porque ficam a espera de algum milho, e muito espertas vao em bandos em cima dos regalos. Aí, apareceu uma pomba albina. Muito mais feia que as belas cinzas com azul. Ela foi bicada pelas outras, que náo a queriam por perto. E isolada, mais fraca. Até pessoas que passaram por mim disseram que achavam ela feia. Em um fim de tarde, elas quase deixam o céu escuro quando voam em bando para se recolher. A noite é fria. Muito fria.

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La Paz do Alto

Quintas e domingos acontece a Feira do Alto. Articulacao do povo, é um enorme. Tem de tudo. Tudo mesmo. Desde roupas a parafusos. Eletrônicos, produtos artesanais, antiguidades, comidas. É uma feira popular e pública. Que me faz pensar cada vez mais a respeito da ocupacao dos espacos públicos, coisa que aqui é muito comum.

Se pode encontrar pelas ruas o comercio popular, de tudo também. Além de muitas mamichas vendendo comidas e sucos. Também acontecem sempre pequenos agrupamentos de pessoas debatendo as politicas publicas, o desenvolvimento social.

Cada vez mais me parece absurda as pseudos feiras livres no sul do país, que controlam seus expositores e inibem o comercio direto entre produtores (artesaos) e consumidores. Isso no Norte do nosso país já está mais desenvolvido, pelas ruas se tem muitos mercantes, como antes já disse. Agora, na Bolívia é a forca do povo mesmo fazendo a vida diaria das pessoas.

Uma sociedade matriarcal. Nesta feira comprei daqueles tecidos que elas usam para carregar as criancas, coisas, caixas, tudo. Sao muito úteis e práticas. Como comprei mais coisas, resolvi fazer como elas, e em um momento me tornei uma Mamicha. Sim, tudo mudou. Se de comeco me olhavam como estrangeira, uma peca fora do lugar, depois me tornei proxima. Muitas mulheres sorriam, apontavam pra mim como se eu estivesse lhes mostrando respeito por suas tradicoes, apesar de minha modernidade ocidental. Muitas mamichas me elogiaram, conversaram comigo por conta desta abertura, muito engrandecedor.

A Feira do Alto é algo local, único. Sáo muitas pessoas locais cambiando produtos. Lá era como das poucas “gringuitas”, como fui chamada. No centro de La PAz, pelo contrário, se veem muitos gringos, torre de babel, lugar de encontros e desencontros. Mas, lá fui muito bem recebida. Acolhida, respeitada. Sim, os latinos sáo calorosos, e gostam de conversar. Quando damos abertura a isso descobrimos muitas coisas novas. Pra mim foi uma experiencia única. Entao marco hoje minha transformacao em Mamicha.

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por La Paz

Vale. Ar frio, sol quente. Subidas e decidas. Caminhos estreitos em torno de um transito barulhento. Sobe e desce. Desce e sobe. Papas Fritas. Pollos. Mamas. Muitas Mamas. Paz, por la Paz. Paz la Paz.

Latina, enorme, bela. La Paz é capital do império. Capital da Revolucao.

Cansada por la altitude, tentando cada vez mais o castellano, la Paz. Paz de estar em plenitude com meu ser, paz de conhecer o novo. de descobrir o novo. De poder testar, ver e rever conceitos. La Paz de muitas idéias, de muitas visóes. Muitas energias pra volta.

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latina, sim!

O Peru é festa. Festa Latina. Daquelas que os gringos nao entendem, tentam mexer os pés e ficam sempre fora do rítmo. Numa destas que um deles chegou pra mim e disse: voce é latina, náo? Espantada, digo SIM! Pois voce danca como uma. Sim, meu sangue é latino, e finalmente é reconhecido. Eu nao dou muita bola, cantada meio barata, nao? Mas fez minha noite mais feliz. Sou latina. Danca como uma. Ajo como uma.

Isso é uma das coisas que me faz feliz, ser brasileira. Sim, porque por aqui, isso é uma grande diferenca. Na fronteira me deu bem por ser brasileira. Todos gostam de nós. Somos bem vindos, somos latinos. Nao somos gringos. Que espanto eu causo quando digo isso, sim, porque aparentemente nao sou, mas de sangue: LATINO!

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desculpem, mas a s imagens estao dificeis de baixar em internet tao lenta!!

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Peru . Destino obrigatório

Mochileiros do mundo todo assim o dizem: o Machu Picchu é um marco em sua vida. Maior destino turistico do país e provavelmente do Mundo, podemos sentir isso em todos os lados. Só gringos. A cidade vive em funcao deles. Em torno deles. A plaza central é conhecida, pelos locais, como a praca dos turistas. Ali eles sao proibidos de vender, transitar, brincar.

Uma noite vi uma policial correndo atras de uma garotinha, ela chorava. Ali nao podia estar amolando os turistas. Nessa mesma praca, ao comprar uma Paqueta de Cigarros do Chê, os mesmos me foram confiscados pela policia, nao se pode comercializar cigarros na praca dos turistas. Depois de alguma burocracia, os tive de volta. Cigarros revolucionários.

Mas aqui todos estao com uma unica expectativa: chegar ao Machu Picchu. Mas nao é só lá que podemos sentir a enormidade da regiao. Os andes já sáo um grande espetáculo. Pra todos os lados que se olhe lá estáo, protegendo a regiao, de vales profundos e gelados. Sao picos e mais picos que dao a impressao de longevidade, de tamanho.

Pegar uma excursáo para o Machu Picchu de carro me pareceu o mais tranquilo, porém, pelo tempo de chuvas, uma parte da estrada estava bloqueada por deslizamentos de Terra. Nao foi neste dia. Apesar da decepcao de nao ter ido, planejei novamente. Desta vez iria pelo Vale Sagrado, depois de trem a Machu Picchu.

O Vale Sagrado é composto por dois sítios importantes: o maior cemitério inca encontrado e um templo ao Deus Sol. Nestes dois lugares pode-se perceber a grandiosidade deste povo.

A arquitetura é peculiar, perfeita. Cidades de pedras. A água sempre foi tratada como um bem natural e impressindível, sendo que seus dutos levavam-na ao centro das cidades, eles nao a poluiam com dejetos. Era sagrada. Tao sagrada quanto sua relacao com a natureza. O sol, a Terra.

A possibilidade de chegar a tao esperado lugar ao amanhecer me cativou, e as 5h da manha lá estava eu indo. Pude entao estar entre os 400 turistas que poderiam subir a uma montanha lateral, vendo o vale de cima. Visao unica, compensadora de 2h de subida em estreitas escadas de pedra. Se pode perceber a forma de uma águia, a cidade fala por si só. Ultimo reduto dos incas antes de esfacelarem-se ante o império español.

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