A entrada na Bolívia foi um trajeto de menos de cinco minutos de barco, com mais sete gringos. De Guarajá-Mirim à Guayarámirim. Um pequeno grande espaco. Sim, depois de cruzar a fronteira e me tornar finalmente gringa de verdade, encontrei um outro mundo.
Espanhol, primeiro desafio. Depois, estamos na época de chuvas aqui, pra ver como náo estamos tao longe da Amazônia. Nossa alternativa de ir de ônibus teve de ser descartada depois de ouvirmos vários avisos de que a viagem pra La Paz, que normalmente demora tres dias, nessa época poderia demorar até dez. Imaginamo-nos tendo que desatolar onibus com chicas e niños, nas estradas sinuosas e bem altas que ligam o país.
Entao fizemos uma perigrinacao de três dias: aviao para Trinidad. Bus semi-cama para Santa Cruz. Bus cama para Cochabamba. Busao ao estilo brasileiro para La Paz. Os bus cama sao tao bons que vc nem percebe que esta num onibus, mas o estilo brasileiro é tao apertado que minhas pernas compridas nao cabiam! Os solavancos da estrada, guinadas do onibus e freadas bruscas de um motorista apressado, também nao nos permitiram relaxar.
Chegamos a La Paz no amanhecer, eu estava tao cansada que infelizmente nao consegui ficar acordada para ter a bela vista do alto da cidade. Mas já antecipo que mesmo de baixo ela é linda. Sim, estou encantada. Imaginem (amanha vou num mirante e depois posso dar-lhes imagens) uma cidade aqui em baixo, várias outras em todos os lados. Subidas. Montanhas. Morros cheios de casinhas, a noite a iluminacao dá um toque especial.
Achamos um hostel bem perto da Calla de Las Bruhas, bem no centro da cidade, uma rua muito especial com diversos artezanatos, cholas, comidas, feiras a todos os lados. Na praça, pode-se tirar fotos 3X4 com tiozinhos com máquinas antigas, daquelas que tem que tampar a cabeça com tecidos.
Muito histórico. Muito colorido. Muito Latino. A cidade fervilha da manhá até a noite. Saimos para comemorar que ontem faziam 2 meses que saí da minha terra, deixando saudades e levando lembranças. Num barzinho no subsolo, tipo um poráo com pedras aparentes, tomamos muita Paceña, nao antes de ter tomado uns vinhos pra esquentar, porque aqui está muito frio mesmo.
A musica latina cansa. Dançar algumas músicas e já tem que respirar um pouco mais. A altitude realmente nos cansa. Saimos dali, um grupo de vários gringos e locais também para um outro bar próximo, que só abria as 4h, náo pagar nada pra entrar é bom, ouvir música eletronica das antigas também. Um calor animal dentro dos dois bares, que náo tem ventilacao nem ar. Fumamos lá dentro mesmo. Estamos na Bolivia. Tudo liberado. Tudo muito bom.
Lá pelas 6h da manha, decidi na hora certa ir embora. Assim que saí do bar, a polícia parou um carro, deceram vários encapuzados, armas grandes em punho. O lugar nao tinha alvará. Todo mundo pra casa. Ou pro hostel. Uma coisa lhes digo amigos, ressaca em La Paz é fueda.